Dia terrível em que tudo se complica quando me vejo na contigência de passar a maior parte do tempo enclausurado entre quatro paredes. Estou habituado a andar na rua, ver céu e asfalto, gente, muita gente, andar de lá para cá, trânsito, agora isto todo o santo dia enfiado no escritório com apresentações, papéis e o diabo a sete e uns Coreanos que vêm da sede é de deixar os olhos em bico a qualquer um!
Sinto-me enforcado na gravata, falta-me a poluição da rua, confesso a minha pouca concentração.
Há pessoas que têm a capacidade de se evadir dos espaços em que se encontram quando o mal-estar as invadem. Uma imaginação escapatória que as leva para outra dimensão e ainda assim, funcionam na perfeição.
Infelizmente, eu não sou dotado de tais qualidades extraordinárias e onde estou é onde estou, não consigo abster-me da realidade que me morde os calcanhares e por mais que me esforce, não arranjo outro espaço senão o do escritório que é onde me encontro.
Chegam os Coreanos, pequenas vénias, pequenos apertos de mão.
Acho que alguém me disse que eles comem peixe crú e que essa vai ser a ementa do dia.
Afinal enganei-me: A minha imaginação progride a trote para as imagens coloridas de uma gigantesca travessa de peixe e sinto o vómito eminente.
Como me surpreendo!
Agora é um questão de prática e tentar um pasto bem verdinho...