Mês suficiente. Joelho suficiente.
Vou ao bar sem muita convicção, sem muita expectativa mas não me apetece ir já para casa. Na verdade, não sei o que me apetece. Não estou triste nem estou contente.  Vou até lá a ver se encontro o que tenho ou o que não tenho.
Quando chego há uma barulheira infernal, guinchos, gargalhadas.
É uma despedida de solteira, a maioria são estudantes universitárias trajadas a rigor, segundo me disseram fazía parte do combinado para a despida.
Nem sequer tenho lugar ao balcão, fico-me de pé encostado a um canto, armado em palerma a olhar para a festa...
Pergunto ao barmen desde quando fazem eventos. Desde que há crise e que todos precisamos de comer. Toma lá que é para não te armares em esperto, pensei. E voltei para o meu cantinho.
Depois uma das estudantes veio meter-se comigo, puxou-me, um jogo qualquer que eu não percebi por causa do barulho, mas que me pareceu muito perigoso por causa das caras delas, o que me premiou a uma série de assobios e apupos. Voltaram-se para outro, que desgraçado, para não passar a mesma vergonha que eu, lá aceitou. Se ele adivinhasse... Praxaram-no. Dizem elas. A meu ver, fizeram dele o bobo da corte.
Saí de lá a rir.
E um bocadinho tocado, é verdade.
Bebi mais do que esperava. Mas a culpa foi do barulho e da despedida de solteira.