O maldito joelho não tem dado descanso a este pobre guerreiro esfalfado e hoje não consegui encavalitar-me no banco ao balcão. Tive que ficar por uma das mesas. Claro que esta nova posição foi motivo de conversa para os habitués que não perderam a oportunidade de vir dar a sua alfinetada, lá do alto do seus banquinhos e de copo erguido.
Mas o curioso da questão, é que o novo poiso trouxe uma renovada perspectiva ao bar. Daqui vê-se a entrada sem ter que se rodar o pescoço; o alcance da vista para a sala é muito mais amplo e nitido do que fazê-lo através do espelho que está à frente do balcão e serve de retrovisor e, naturalmente limita a periferia; além disso, se houver algum par de pernas jeitoso ao balcão, é de facto um privilégio estar sentado à mesa! Agora entendo porque alguns cavalheiros não se abalam deste plano inferior!
Claro que existem inconvenientes.
Perdi a cavaqueira com os meus parceiros, a troca de galhardetes que sempre fazemos e nos arrancam algumas gargalhadas. Nada de mal, tudo inofensivo e que serve para nos atiçar a veia humoristica e a mais das vezes, a imaginação do palavreado sem entrarmos no calão rançoso impróprio para ouvidos femininos, que por lá também os há.
A verdade é que estou manco, um quase inválido.
Está frio, aperto os botões e conto-os à medida que me esforço para não coxear quando lhes aceno desejando bom fim-de-semana.