Um dia não são dias e mal do joelho por tanto que o tenho castigado, resolvi permitir-me a um luxo e à rótula, uma anestesia.
Bar com ele!
Que se lixe!
Tenho andado numa vida de frade, de casa para o escritório, do escritório para a rua, e desta para casa. E um mau humor... Tudo me chateia, nada me satisfaz, nada me apetece, até mesmo o caminhar me fartou e perdi-lhe o encanto inicial, farto, estou farto, quero a minha vida antiga, e para começar quero o meu gin. Se faz favor, que a educação não perdi.
E a malta?
É cedo, diz o barman. Cedo, como? Não me responde, vai polir a ponta do balcão exactamente do lado oposto ao que estou sentado, não quer conversa, logo hoje que me apetecía a mim...
É assim, há dias que não são dias, são dias cedo de mais.
Engulo de um trago o meu gin tão apetecido. Queima-me, cai-me mal. 
Quando vou a saír o barman chama-me de braço no ar. Que será? Agora que me vou é que quer conversa?
Entrega-me um chapéu de chuva. Esquecido por mim no bengaleiro há vários meses. Logo hoje, um dia radiante de sol e eu a pé. Que seja. Quem mandou que eu viesse cá?!